a americana francesca woodman (1958 – 1981) começou ainda pequena a explorar o universo feminino, desenhando mulheres em vestidos. de uma família de artistas (mãe, pai e irmão), francesca tinha noções sérias a respeito da arte e o que é considerado arte, que antes de tudo era um trabalho integral como qualquer outro. quando ganhou uma câmera do pai começou a tirar fotos instintivamente, tendo desde sempre um estilo muito proeminente e maduro.
a primeira vez que você olha suas fotos não é chamativo do jeito que se espera, há um bloqueio inicial. nas fotos a fotógrafa parece uma adolescente estudando seu próprio corpo. na verdade, ela comunica incríveis facetas femininas; o modo como ela se sente passageira, como um fantasma, uma aparição: não é familiar uma mulher se sentir uma miragem, projeção?
às vezes suas fotografias me lembram sonhos com prenúncios. aqueles sonhos que os supersticiosos dizem ser recados do futuro, do universo, com símbolos como animais (cobras, tartarugas), espelhos e muitos vultos. faz parte da arte dela um mistério quase esotérico, surrealista.
sou muito fã dessa foto onde ela aparece pela metade. a francesca fala muito de contradições femininas: a dualidade, o se sentir metade, à procura e aberta à outra metade, ou simplesmente como a sociedade insiste em ver as mulheres, sempre esperando que elas se “completem”.
por natalia mello